Uma reflexão sobre o discipulado
Uma reflexão sobre o discipulado

Uma reflexão sobre o discipulado

Na Bíblia vemos muitos que de coração creram no Senhor JESUS Cristo. Todos os que creem em JESUS são salvos. Discipulado é um compromisso ainda maior. É mais do que simplesmente crer em JESUS – que já é maravilhoso. É passar por um sério e intenso treinamento para viver na prática os ensinamentos do Mestre JESUS, a fim de ser qualificado para uma atividade ministerial de responsabilidade perante a igreja de Cristo. O crente que busca um ministério na igreja, deve saber que busca uma excelente obra (cf. 1 Tm 3:1).

 

Discipulado

Os próprios discípulos do Senhor foram submetidos a três anos de rigoroso treinamento e só depois de se esvaziarem totalmente é que, finalmente, puderam compreender muitos mistérios referentes ao reino de Deus. Tiveram muitas revelações e as suas eventuais falhas foram corrigidas. Ora foram elogiados, ora repreendidos e disciplinados com todo o rigor. Foram postos à prova muitas vezes. Entenderam o que significa “não ter onde reclinar a cabeça” (cf. Mt 8:20) e aprenderam a sobreviver no meio de lobos (cf. Lc 10:3). Mesmo assim, após os três longos anos com o Mestre, não estavam totalmente prontos.

 

Depois de ressuscitar, JESUS apareceu a Pedro. O Senhor, após ter feito repetidas perguntas a respeito do amor por ELE, ordenou que pastoreasse o Seu rebanho. Está aí mais um requisito indispensável para os ministros de Deus e candidatos à obra ministerial: amar a JESUS e cuidar do Seu rebanho.

 

O chamado, o esvaziamento e a reverência são elementos importantíssimos para se iniciar o discipulado. O objetivo é lançar fora o “eu” interior e se sujeitar completamente ao seu mestre. Em outras palavras, num discipulado não deve haver lugar para fermentos: discussões, debates, discórdias, argumentos ou opiniões pessoais.

“O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.” (Lc 6:40)

 

Não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que para guiar uma igreja, basta ler a Bíblia, e/ou ser espiritual, e/ou ser uma pessoa de oração. Obviamente se faz necessário a soma de tudo isso, no entanto, ainda é necessário acrescentar intenso treinamento prático, conhecimento teológico e estudo apologético. É como severa seleção de uma tropa de elite do exército. Por isso, ao mesmo tempo que a Bíblia incentiva os crentes ao discipulado, também refreia advertindo:

“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.” (Tg 3:1)

 

O crente por si só já tem muito que observar nas santas doutrinas (Tt 2:7-8). Já, aos aspirantes ao discipulado, acrescenta-se mais observações e requisitos como estão em Mt 10; Tt 1:6-11 e 1 Tm 3:2-13, por exemplo.

 

Falta de mão de obra qualificada

As igrejas da atualidade sofrem com escassez de ministros verdadeiramente comprometidos com a obra de Cristo, devidamente doutrinados e disciplinados. Uma parte desta triste realidade deve-se, ao fato de pessoas de fé rasa imaginarem ser o ministério de Deus um status social, e assim pensar que ser um pastor é ser um líder, e ser líder, portanto, é ter poder para comandar as pessoas. Ledo engano, porque os pastores, bispos, apóstolos, missionários e outros são servos. A Bíblia não usa a palavra líder em momento algum.

“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.” (1 Pe 5:2-3)

 

Com a falta de mão de obra ministerial nas igrejas, muitos indivíduos que nunca se esvaziaram verdadeiramente, que sustentam problemas pessoais e sociais não resolvidos, que não conseguiram escapar do mundanismo, que nunca tiveram testemunho, tampouco leram as Sagradas Escrituras na sua íntegra e que, por isso, tem dificuldade de compreendê-las, ocupam cargos ministeriais nas igrejas com cursos teológicos muito raso e que mais focam na gestão da igreja como uma empresa do que no próprio discipulado. Esse tipo de terreno pantanoso é propício para surgimento das mais variadas seitas e doutrinas. Não se dedicam à leitura bíblica nem à oração em Espírito, porém se dedicam ensaiando emocionantes discursos e orações faladas, contrariando a ordem apostólica:

“Até a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.” (1 Tm 4:13)

 

“A nossa luta não é contra o sangue e a carne” (Ef 6:12)

Devemos pedir a Deus mais trabalhadores sérios, comprometidos, sábios, ao mesmo tempo humildes e desapegados à carne. Homens que conhecem, amam e sabem manejar (não manipular) bem a palavra da verdade. Ao enviar setenta discípulos para missão, JESUS se expressou da seguinte forma para falar da falta de mão de obra qualificada:

“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lc 10:2)

 

As igrejas precisam de homens que realmente amam a Deus e que se preocupam em preservar fielmente as palavras ordenadas (cf. 1 Tm 4:6). Entende-se por preservar as palavras, abster-se de toda e qualquer forma de corrupção e ser obediente e praticar, além de ensinar fielmente o que foi ordenado por Cristo (cf. 1 Tm 1:19). É ser guardião da sã doutrina (cf. Tt 2:1).

 

Faltou prudência

Veja que na igreja primitiva já havia muitas lutas contra os que contaminavam as igrejas com interpretações equivocadas ou doutrinas estranhas ao ensino Bíblico. A contaminação e o corrompimento do indivíduo e da doutrina cristã é um dos principais assuntos do Novo Testamento. Por isso, não é de se estranhar que inúmeras vezes a Bíblia adverte sobre esse real perigo que pode levar a igreja para longe do Caminho. Basta lembrar das congregações dos gálatas que foram assediados por mestres imaturos e confusos, ou algumas das igrejas citadas no Livro de Apocalipse que, já antes do final do Primeiro Século, estavam em situações espirituais e morais decadentes por falta de observar e de guardar o evangelho – faltou prudência (Mt 10:16). Estatisticamente se observa que as pessoas que não passam por um discipulado adequado, são mais facilmente corrompidas pelas práticas mundanas.

 

Credencial

Homens que não passaram por um discipulado sério correm risco de serem facilmente corrompidos porque não têm um ensinamento firme para seguir. Não podem ser guardiões do que não são fiéis, tampouco podem ensinar o que não sabem. Quando surgem problemas no ministério, ficam confusos e procuram resolver na base de emoção, sem base nas Escrituras Sagradas (cf. Jr 6:14).

Clamamos ao SENHOR Deus que nos envie trabalhadores bem doutrinados e disciplinados e, acima de tudo, credenciados (cf. 2 Co 12:12) pelo próprio Espírito Santo e que servem de consciência pura (cf. At 24:16). Só a esses confiaremos e seguiremos.

“Pois as armas da nossa guerra não são terrenas, mas poderosas em Deus para destruir fortalezas! Destruímos vãs filosofias e a arrogância que tentam levar as pessoas para longe do conhecimento de Deus, e dominamos todo o pensamento carnal, para torná-lo obediente a Cristo. E estaremos preparados para repreender qualquer atitude rebelde, assim que alcançardes a perfeita obediência.” (2 Co 10:4-6 – King James Atualizada)