“Compreendendo as Escrituras e os seus mistérios, e recebendo, em nós, a graça de Deus, a fonte fluirá em nosso interior e logo florescerão flores no deserto.” (Salmos Espirituais, hino 44)
Introdução
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11:33-36).
Em Êxodo 25:9, o Senhor ordena a Moisés que construa um tabernáculo. Esse tabernáculo também era chamado de:
- Tenda (Êx 26:36);
- Santuário (Êx 25:8);
- Tenda da Congregação (Êx 29:42, 29:44), e
- Tabernáculo do Testemunho (Nm 1:50, 1:53).
Convém esclarecer que o tabernáculo é uma comparação com Cristo e com o seu corpo, que é a igreja. Apesar de ser comparado à igreja, deve ficar bem claro que tabernáculo não é igreja. Ele era:
A Bíblia está divida em: Antigo Testamento e Novo Testamento, também chamados Antiga Aliança e Nova Aliança respectivamente.
O livro mais recente do Antigo Testamento foi escrito por volta de 600 anos a.C. (antes do nascimento de Cristo) e o livro mais antigo do Novo Testamento, por volta de 40 anos d.C. (depois da vinda de Cristo).
Aqui verificaremos a relação entre o Antigo e o Novo Testamento e, então, ao final da leitura, poderemos concluir que não devemos ler somente o Novo Testamento, como muitos fazem. Toda a Bíblia é importante; o Antigo Testamento depende do Novo e vice-versa.
“É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções [rituais de purificação], impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9:9-10).
Assim, Cristo veio cumprir tudo o que dizia a seu respeito no Antigo Testamento:
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17).
E, ainda:
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados […]” (1Pe 3:18).
Com a morte do Senhor na cruz, a Antiga Aliança foi cumprida, dando lugar à Nova Aliança:
“A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:27-28).
Reconstruir o tabernáculo nos tempos atuais significaria ignorar a morte do Senhor na cruz, invalidando a sua promessa.
Tudo o que está escrito no Antigo Testamento refere-se ao Senhor Jesus e à sua igreja, inclusive o que diz respeito ao tabernáculo:
“Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5:32);
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5:39);
“Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito” (Jo 5:46);
“[…] Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José” (Jo 1:45);
“Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:25-27);
“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia” (Lc 24:44-46);
“Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15:1-4).
Cabe aqui lembrar que, quando se diz:
- Lei: refere-se às que foram dadas a Moisés;
- Moisés: refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia, os quais ele escreveu. São também chamados de Pentateuco pelos teólogos, e Torá pelo judaísmo. Confira na Bíblia os títulos desses cinco livros;
- Escrituras: refere-se ao Antigo Testamento, já que, na época de Jesus, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito.
Deus concede o tabernáculo
Para quem?
- Para o povo escolhido e santificado por Deus para habitar a terra prometida aos seus pais: “Porque tu és. povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7:6 cf. também Dt 14:2);
- Para o povo redimido pelo sangue do Cordeiro (Êx 12);
- Para o povo salvo e guiado pela força do Senhor (Êx 15:13);
- Para o povo que foi selecionado pelo Senhor (Êx 19:4).
Para quê?
- Para ele habitar no meio do seu povo (Êx 25:8, 29:45);
- Para dali falar ao seu povo (Lv 1:1);
- Para mostrar ao seu povo que Deus é o Supremo Senhor;
- Para que o povo saiba discernir o puro do imundo (Nm 5:1-4; 2Co 6:14-18);
- Para mostrar ao seu povo que não havia outro caminho, senão o Caminho de Deus: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:14-17).
Portanto, o tabernáculo foi dado ao povo de Deus para:
- ensinar;
- repreender;
- corrigir;
- educar na justiça de Deus.
Quando?
Quando eufórico, o povo alegrava-se em comer o pão que descia do céu, depois de ter visto muitos sinais e prodígios do Senhor, após ter saído do Egito:
“Cuidareis de cumprir todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor prometeu sob juramento a vossos pais. Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem” (Dt 8:1-3).