Igreja unida
Igreja unida

Igreja unida

“Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Ef 4:4-6)

 

As palavras acima são bem conhecidas por todos os cristãos. No seu contexto (Ef 4:1-6), o apóstolo Paulo fala do dever cristão de conservar a unidade do Espírito Santo.

 

Na vida cristã, tudo começa com a unidade do Espírito

Na Bíblia, o termo unidade tem significado mais profundo do que uma simples reunião, amizade ou equilíbrio.

 

Não pode haver uma verdadeira união, reunião ou comunhão entre as pessoas sem um consenso comum. Neste caso, o consenso comum é o próprio ensino do Espírito Santo – a sua doutrina e disciplina. Na igreja, que é o corpo de Cristo, primeiro vem a unidade do Espírito e só depois a união entre os seus membros; e essa união sempre deve acontecer de forma natural e saudável. A Bíblia chama este resultado de fruto do Espírito.

“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode  haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos  vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3:26-28)

 

Mesmo ensino e mesma doutrina do Espírito Santo (cf. 2 Jo 1:9-10)

A Bíblia nos ensina em Ef 4:4-6: um só corpo, um Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus – indicando que a verdadeira união só é possível aos que permanecem no mesmo ensino e doutrina. Uma reunião onde não há unidade do Espírito certamente resultará em desentendimentos.

“De onde vêm as batalhas e os desentendimentos que há entre vós? De onde, senão das paixões que guerreiam dentro de vós.” (Tg 4:1 – KJV)

 

O que realmente interessa à igreja de Cristo é a unidade gerada pelo Espírito Santo. Se o Espírito Santo não estiver em nós, não podemos experimentar a unidade espiritual tampouco desenvolver o vínculo da paz. Mas onde há unidade do Espírito, naturalmente haverá harmonia entre os membros. A comum cooperação é resultado da prática do que já foi revelado e ensinado aos membros do corpo de Cristo. Por outro lado, onde não há o mesmo espírito, mas há variados batismos, fé confusa e a crença em diversos deuses, a unidade do Espírito se torna inalcançável. Não se pode alcançar unidade sem estar firmemente fundamentado no Ensino bíblico. Portanto, uma reunião de pessoas de crenças diversas, não passa de hipocrisia entre os participantes e infidelidade de cada um diante da sua fé.

 

As dissensões demonstram a falta de espiritualidade (1 Co 3:1-9)

Em Nm 14:24 lemos: “Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar a terra que espiou, e a sua descendência a possuirá.” Outro espírito significa espírito diferente do da maioria; e este espírito da maioria nada mais é do que espírito que vem de baixo. O espírito de Josué e Calebe, embora esteja escrito com e minúsculo, refere-se ao que vem do alto, isto é, o Espírito Santo, em oposição ao espírito do povo.

 

Não podemos inverter os fatores esperando obter o mesmo resultado, isto é, os cristãos não podem se reunir para promover debates; votações – que nada mais são do que opiniões pessoais; nem críticas ditas construtivas, muito menos as destrutivas – não se critica as obras do Espírito. Disputas, desavenças, discordâncias, interesses e qualquer outro tipo de intriga demonstram que um rebanho não está compartilhando a mesma doutrina que como já mencionado, deve acontecer naturalmente pelo guiar do Espírito Santo.

“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre […]” (Rm 16:17-18)

 

Observe que o texto acima foi dirigido à igreja em Roma. Quem promovia divisões e escândalos? Alguém dentre os próprios irmãos. Esta é uma situação bastante perigosa em que um irmão membro da igreja toma uma atitude equivocada pensando estar servindo ao nosso Senhor, quando, na verdade, está servindo nada mais que os seus próprios interesses. A Palavra é clara: qualquer atitude em desacordo com o Ensino, é inadimissível e aqueles que aceitarem serão cúmplices de seus atos distorcidos.

 

A igreja em Corinto foi severamente repreendida. A igreja estava reunida para a ceia, porém, Paulo já vinha notando, que por falta de zelo pela doutrina já estabelecida, os coríntios estavam reunidos fisicamente, mas espiritualmente estavam totalmente dissociados, e isto explica as desavenças que frequentemente ocorriam entre eles.

“Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se. Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.” (1 Co 11:17-22)

 

Não faz sentido a igreja se reunir fisicamente para discutir opiniões com pessoas de espírito diferente. Este não é o papel da igreja. Quando há uma reunião dos filhos de Deus, todos participam com amor, alegria e paz, compartilhando o fruto do Espírito com o cuidado de manter o vínculo da paz. É assim que acontece por exemplo numa refeição, caravana, visita, ou viagem missionária entre os membros da igreja, além de, claro, nos cultos e nas pregações.

“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.” (Fp 2:1-2)

 

Como manter a unidade do Espírito?

“Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4:3)

 

Uma vez estabelecia a unidade do Espírito, cada membro da igreja deve se esforçar para promover e zelar pela paz. A paz é um componente do fruto do Espírito (cf. Gl 5:22). Um pequeno descuido pode arruinar a paz, e é claro, sem paz não há comunhão.

 

Em Ef 4:2, Paulo orienta os efésios a agir da seguinte maneira para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz:

  • com humildade – que é o oposto de orgulho. O orgulhoso não se importa com os outros e quer ser o centro das atenções. É sobretudo insubmisso à doutrina, teimoso e não admite os seus próprios erros, portanto não se arrependeu das suas obras más. O seu assunto principal é sobre si mesmo. Já um cristão humilde repudia todas essas coisas;
  • com mansidão – que é componente do fruto do Espírito. Mansidão é a capacidade de se manter calmo mesmo diante de uma situação irritante. Assim, o manso não teima, nem discute, mas se desvia do pecado da ira desenfreada com sabedoria e bom senso;
  • com longanimidade – este é mais um componente do fruto do Espírito. Makrothymía é a palavra hebraica traduzida como longanimidade para nós e significa literalmente “vagaroso em se irar”. O seu significado vai além de simples paciência. É manter o domínio próprio diante das adversidades e provocações sem perder a sua postura espiritual. Na linguagem popular, o antônimo de longanimidade é “chutar o balde”.

 

Veja que a inobservância das recomendações acima pode acarretar sérios danos à igreja, comprometendo a sua unidade, pois como poderá haver unidade e paz onde há os que promovem intrigas, divisões e escândalos? (cf. Rm 16:17-18).

 

A falta de compromisso em manter a paz fragiliza não só uma igreja, mas qualquer grupo de pessoas – seja no matrimônio, time, ou até numa nação inteira como aconteceu com Israel (cf. 1 Rs 12). Ora, são os próprios que causam a desunião é que serão separados no último dia pelo Pastor que separa dos cabritos as ovelhas (cf. Mt 25:32).

 

Para evitar prejuízo à igreja, Paulo continuou com o ensino (Ef 4:2):

  • suportando-vos uns aos outros – é a prática consiente e responsável das orientaçõs acima mencionadas;
  • em amor – que é o vínculo da perfeição (cf. Cl 3:14).

 

A firme observância disto tudo somado à obediência ao Espírito Santo é que levam a igreja viver em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (cf. Fp 1:27). É dever de todo cristão preservar a unidade do Espírito. Amém!

 

Havendo dúvidas se as suas ideias vem do alto ou do mundo, consulte a Bíblia, ore em Espírito e em verdade, procure o seu pastor.