Carta à igreja em Tiatira

A igreja em Tiatira foi a quarta das sete igrejas da Ásia a receber carta do Senhor JESUS através do apóstolo João. Alguns dos símbolos existentes nessa carta fazem alusão a certas circunstâncias da cidade como veremos neste estudo. A igreja em Tiatira é conhecida como uma igreja corrompida e sem compromisso com o evangelho e representa o quarto período do cristianismo – a igreja da Idade Média, entre os séculos V e XV. Neste período, a igreja romana dominava a Europa e o Oriente Próximo. Foi época de sucessivas lutas pela conquista da Terra Santa conhecida como Cruzadas. Templos grandiosos cobertos de riquezas foram edificados neste período profético, mas o povo não tinha acesso à Palavra de Deus e incontáveis costumes pagãos entraram na Igreja.

A igreja foi fortemente repreendida por tolerar a falsa profetisa Jezabel com seus ensinamentos que promoviam imoralidade e idolatria. Ela, evidentemente, estava ensinando a liberdade de um crente em Cristo participar das festas imorais e idólatras que muitas vezes incluíam a prostituição cultual. Ao abrirmos o A.T., podemos entender bem o caráter depreciativo de Jezabel, e assim entender a mensagem em Apocalipse. Compare:

Jezabel do Antigo Testamento atraiu os servos de Deus para abandonar sua lealdade ao Senhor e participar de suas práticas idólatras; semelhantemente, a Jezabel de Tiatira estava atraindo os cristãos a abandonar a santificação e a sua lealdade a Cristo.

Tiatira representa igrejas que têm a porta larga (cf. Mt 7:13-14) que não mantém compromisso com a verdade e adotam o mundanismo (cf. 1Jo 2:15). Mundanismo é sistema de valores da cultura oposta à vida espiritual que faz o pecado parecer normal e o que é correto parecer estranho.

“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4)

Em Sua graça, o Senhor deu tempo para se arrepender, mas parece que ela e os seus seguidores não tiveram tempo nem interesse. A questão aqui, foi um chamado para se arrepender mudando de ideia sobre o seu presente curso, sua condição do mal e sobre sua necessidade de Cristo para que ela se voltasse para Ele na fé. O versículo 22 refere-se ao seu julgamento por não se arrepender.

“Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança, e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras.” (Ap 2.19)

O Senhor reconheceu boas obras nessa igreja: serviço, amor, demonstrações de fé, obras assistenciais; no entanto, Ele diz:

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.” (Ap 2.20)

Não basta a igreja ter qualidades especificadas acima, tem que haver temor do Senhor, respeito pela Sua Palavra, santificação dos seus membros, ensinamento de renúncia ao mundo, busca pelo Reino dos céus, e unidade do corpo de Cristo. Vemos hoje inúmeras igrejas praticando grandes obras, porém, ensinando os seus membros a se prostituírem com Jezabel. As suas pregações são vazias, e quase sempre voltadas ao financeiro.

“Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações” (Ap 2:26)

“O vencedor” –  refere-se aos crentes que superam os desafios especificados na carta e são recompensados ​​pela sua fidelidade. Isto é sugerido pela exortação para se manter firme no versículo 25 e pelas palavras “quem guarda meus atos até o fim”, no versículo seguinte.

“E aquele que guarda minhas ações” –  Sem dúvidas, se refere ao modo de vida em Cristo e à obediência aos princípios bíblicos. Manter as ações de Cristo significa experimentar a vida e o caráter de Cristo em contraste com as obras de Jezabel. Manter seus feitos é um resultado da superação através da caminhada da fé e da comunhão cristã diária. A superação também é a base para recompensas especiais, como posições de autoridade e responsabilidade.