Fé ou presunção?
Fé ou presunção?

Fé ou presunção?

A Bíblia nos ensina claramente a respeito da verdadeira fé com inúmeros exemplos. Só no Novo Testamento, a palavra é citada pelo menos trezentas vezes, sempre transmitindo o sentido de confiança, fidelidade e esperança. Na carta aos Hebreus, a fé está definida com as seguintes palavras:

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” (Hb 11:1)

 

Presunção

Presumir é achar; supor; tirar conclusão antecipadamente. A Bíblia emprega o termo presumir e seus derivados referindo-se à arrogância e orgulho dos pecadores diante de Deus. É ambição do homem carnal sem nenhuma base nas santas promessas de Deus, e não passa de estratégia para dar glórias a si mesmo.

 

Fé ou presunção?

Depois de murmurar contra o SENHOR Deus e rejeitar as Suas santas promessas, o povo israelita, que marchava pelo deserto, recebeu uma dura sentença: Não entraria mais na terra de Canaã, mas vagaria pelo deserto durante quarenta anos até que todos os maiores de 20 anos de idade, que agiram com falta de fé, caíssem no deserto. Ouvindo isto, o povo israelita, assustado com a ira de Deus, respondeu: “Pecamos contra o SENHOR, nós subiremos e pelejaremos, segundo tudo o que nos ordenou o SENHOR, nosso Deus” (Dt 1:41). Porém a essa altura, o SENHOR disse que não adiantaria o povo tentar consertar o seu erro (porque não era a primeira vez que a rebeldia acontecera), e que não era mais para o povo lutar contra os amorreus, pois o SENHOR não os ajudaria.

 

Se lermos a declaração que os israelitas fizeram naquele momento isoladamente, isto é, fora do seu contexto, percebemos uma grande semelhança à declaração de Calebe – ambas parecem palavras de homens de fé. No entanto, uma só é declaração de fé (a de Calebe); e a outra é de presunçosos. Compare:

  • Palavras de Calebe em Nm 13:30: “[…] Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela.”
  • Palavras do povo em Nm 14:40: “[…] Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o SENHOR tem prometido, […]”

 

E, a própria Bíblia diz:

“Assim vos falei, e não escutastes; antes, fostes rebeldes às ordens do SENHOR e, presunçosos, subistes às montanhas” (Dt 1:43). Os israelitas em desconexão com Deus acharam, supuseram e concluíram arrogantemente que as coisas dariam certo, mesmo ignorando as Palavras; mas apenas com habilidades próprias e confiando na sorte, foram humilhantemente derrotados pelos amorreus e cananeus.

 

À primeira vista, um presunçoso pode até se passar por um homem de fé, mas felizmente, o Senhor conhece quem lhe pertence (cf. 2 Tm 2:19)

“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos […]” (Rm 1:28-30)

 

Uma outra passagem bíblica onde a presunção está bastante evidente é Êx 14:23, onde se lê a respeito da travessia pelo mar Vermelho. Sobre esta passagem, Hb 11:29 diz que os israelitas atravessaram o mar Vermelho pela fé. Quando o povo chegou às margens do mar, estava como, aparentemente, num beco sem saída. O SENHOR disse para continuarem a marchar (Êx 14:15). Marchar em direção às águas? Mas como?

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Crendo na provisão divina, obedeceram à Sua ordem – porque sem fé é impossível agradar a Deus. Daí aconteceu um grande milagre, como todos conhecemos.

 

Já com os egípcios, que perseguiam o povo de Deus pelo deserto, as coisas foram bem diferentes. Ao verem os israelitas atravessando o corredor que se formou no meio do mar, o exército de Faraó provavelmente pensou: não sabemos que fenômeno é esse, todavia, se eles podem, nós também podemos e, cheios de presunção, pegaram “carona”,  seguindo mar adentro – o que terminou em grande tragédia:

“Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo.” (Hb 11:29)

 

Ambos aparentemente fizeram a mesma coisa, mas na verdade havia uma diferença enorme na conduta daqueles dois grupos: israelitas e egípcios. O primeiro era povo de Deus, que tinha aliança com Deus e que estava sendo guiado por Deus conforme os Seus planos. Os israelitas não estavam ali e naquela situação por terem sido negligentes às Palavras ou por loucura própria, pelo contrário, eles estavam totalmente envolvidos no projeto de Deus. Já os egípcios, não tinham nada disso: sem nenhum compromisso com Deus, por pura presunção,15 acharam que também poderiam, no entanto foram todos destruídos quando o mar os engoliu. É verdade que Deus os destruiu, mas é igualmente verdade que os egípcios destruíram a eles próprios por causa da sua presunção. Veja que os maiores incrédulos são sempre os maiores presunçosos!

“Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda. Os egípcios que os perseguiam entraram atrás deles, todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavalarianos, até ao meio do mar.” (Êx 14:22:23)

 

“E, voltando as águas, cobriram os carros e os cavalarianos de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem ainda um deles ficou. […] Assim, o SENHOR livrou Israel, naquele dia, da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.” (Êx 14:28 e 30)