Casamento de Oseias
“[…] Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR.” (Os 1:2)
Como o SENHOR pôde ordenar Oseias a se casar com uma meretriz? Isto não seria uma contradição aos princípios básicos da fé?
Resposta:
As palavras casar e adulterar tem sentidos totalmente diferentes. O SENHOR não ordenou Oseias a cometer adultério com Gômer, mas que se casasse e que fosse fiel a ela, mesmo que ela lhe viesse a ser infiel.
Quando os hebreus conquistaram a terra de Canaã, nasceu uma nova nação chamada Israel. O recém nascido Israel andava nos estatutos e juízos que haviam recebidos do SENHOR durante a peregrinação no deserto e o seu corrompimento só veio a ocorrer mais tarde. Assim como Israel se prostituiu espiritualmente adorando deuses estranhos, Gômer cometeria adultério físico, servindo de lição a todo Israel.
O Livro de Oseias não aprova a prostituição, pelo contrário, ao examinarmos com mais profundidade, logo percebemos que ele a combate ferozmente concordando com as demais Escrituras:
“Não adulterarás.” (Êx 20:14)
“[…] E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? […]” (1 Co 6:15-16)
A mensagem de 1 Co 6:15-16 não é proibição de se casar com ex-prostituta; mas uma advertência aos irmãos em Corinto que vinham tendo relações fora do casamento. Oseias não teve relações fora do casamento, pois permaneceu fiel ao SENHOR e à Gômer.
No caso de Oseias, o mandamento encontrado em Lv 21:14 não é nenhuma contradição, visto que este se refere aos sacerdotes levitas. Oseias não era levita, nem sacerdote, mas profeta. Esta situação nos faz lembrar do caso de Salmom, filho de Naassom (cf. Mt 1:5) que de Raabe gerou a Boaz; e deste, segundo a sua genealogia, vieram Davi, Salomão e, mais tarde, o nosso Senhor JESUS Cristo.
O Livro de Oseias
O SENHOR orientou Oseias a se casar com uma mulher de quem gostava. O nome dela era Gômer e era prostituta. Deste casamento nasceram três filhos, que se chamaram: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami, respectivamente. Você poderá conferir estes nomes na Bíblia JFA-RC, e o significado na JFA-RA:
- Jezreel – “Deus dispensará”;
- Lo-Ruama – “Desfavorecida”;
- Lo-Ami – “Povo-Não-Meu”.
Esses nomes foram escolhidos pelo próprio Senhor Deus e eram profecias a respeito da nação Israelita:
- Jezreel –“[…] Porque, daqui a pouco, castigarei […]” (Os 1:4). Era profecia a respeito da diáspora israelita por causa de sua infidelidade ao SENHOR;
- Lo-Ruama – “[…] Porque não mais tornarei a favorecer a casa de Israel, para lhe perdoar.” (Os 1:6). Possivelmente, o SENHOR estava anunciando o exílio de Judá à Babilônia;
- Lo-Ami – “[…] Porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus” (Os 1:9).
Depois de nascidos os filhos, Gômer abandonou o lar e voltou à prostituição. Ao lermos Os 1:1, podemos localizar a época em que viveu Oseias, tendo noção do comportamento depravado daquela sociedade, principalmente nos tempos de Acaz e Jeroboão:
“Palavra do SENHOR, que foi dirigida a Oseias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.”
As atitudes depravadas de Gômer eram reflexo da sociedade israelita e da sua espiritualidade. Sem o mínimo de pudor, todos se prostituíam indo após outros deuses; como se diz hoje: “cada um na sua religião; e no politicamente correto”.
Não se agradando por ser apenas esposa e mãe de três filhos, talvez, Gômer tenha passado os seus primeiros dias fora de casa buscando a felicidade com o que lhe dava prazer, tal como na parábola do filho pródigo, porém, Gômer já não tinha mais a idade que tinha antes de se casar com Oseias, e já tivera três filhos.
O pecado tem o seu preço. A Palavra do Senhor nos adverte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl 6:7).
O prazer do pecado é passageiro e não pode preencher o vazio do coração. A ilusão das coisas do mundo logo mostra a sua realidade: O dinheiro que Gômer esperava não entrou, e logo, ela se endividou.
Nos tempos antigos, quando alguém não podia pagar as suas dívidas, era vendido (a) como escravo (a). Assim, Gômer foi posta à venda no mercado da cidade.
Veja: A parábola do credor incompassivo
“O Senhor me disse: Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas, apesar de eles se voltarem para outros deuses e de amarem os bolos sagrados de uvas passas. Por isso eu a comprei por cento e oitenta gramas de prata e um barril e meio de cevada.” (Os 3:1-2 – NVI)
A esposa de Oseias estava exposta no mercado de escravos como uma prostituta rejeitada, e ele a comprou para si, não para ser-lhe escrava, mas para voltar à sua digna posição de esposa. Ele poderia humilhá-la pelo que lhe fizera, dizendo-lhe palavras duras e tratando-a como ela o tratou, isto é, com indiferença e desprezo. Entretanto Oseias a amava e restaurou a sua posição no lar.
Pode ser bastante doloroso ler a história de Oseias. O profeta tornou-se uma metáfora viva por amor de Deus e por seu povo; obedeceu ao SENHOR até o fim, apesar do seu custo pessoal. Andemos dignamente para a glória de Deus.
“Quem é sábio, que entenda estas coisas; quem é prudente, que as saiba, porque os caminhos do SENHOR são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.”
(Os 14:9)