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Por que Uzá foi morto? (2 Sm 6:7)
Por que Uzá foi morto? (2 Sm 6:7)
Por que Uzá foi morto? (2 Sm 6:7)

Por que Uzá foi morto? (2 Sm 6:7)

“[…] Há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão; acautelai-vos, não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.” (2 Pe 3:16-18)

 

É verdade que na Bíblia Sagrada existem algumas passagens difíceis de entender. Mas como lemos acima na mensagem do apóstolo Pedro, sejamos cautelosos quando se trata da Palavra do Senhor – procuremos sempre aprender com temor e humildade, e não por mera curiosidade ou querendo justificar as intenções humanas diante do SENHOR, nosso Deus.

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (Rm 15:4)

 

A história da morte de Uzá está descrita no Segundo Livro de Samuel: Uzá quis segurar a Arca da Aliança para que não caísse do carro de bois; e “a ira do SENHOR se acendeu  contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus.” (2 Sm 6:7)

 

Por que Uzá foi morto?

O capítulo em questão do Livro de Samuel não nos dá muitos detalhes a respeito do acontecimento. Por isso, é necessário observarmos atentamente as circunstâncias e recorrermos a outras passagens da Bíblia, que nos possam dar mais pistas. Isto é, estudar as Escrituras – um dos deveres dos cristãos e recomendação dos apóstolos.

 

Quem foi Uzá?

Uzá era irmão de Eleazar e Aiô, e estes, filhos de Abinadabe, morador de Quiriate-Jearim (cf. 2 Sm 6:3). Também há possibilidade de Uzá ter sido sobrinho de Davi (cf. 1 Sm 16:6-8), mas não podemos afirmar com muita certeza por não encontrarmos mais detalhes a seu respeito. A arca do SENHOR que havia sido tomada pelos inimigos filisteus e levada ao templo de Dagom, fora devolvida e, então, transportada para a casa de Abinadabe, pai de Uzá, onde permaneceu por vinte anos (cf. 1 Sm 7:1-2).

 

Como deveria ser transportada a arca?

Família de Levi

Segundo a lei, a arca do SENHOR deveria ser transportada exclusivamente pelos coatitas que eram descendentes de levitas.

“São estes os filhos de Levi pelos seus nomes: Gérson, Coate e Merari.” (Nm 3:17)

 

A família ou descendentes destes eram conhecidos como: gersonitas, coatitas e meraritas respectivamente. Aos coatitas foi ordenado:

“Terão eles a seu cargo a arca, a mesa, o candelabro, os altares, os utensílios do santuário com que ministram, o reposteiro e todo o serviço a eles devido.” (Nm 3:31)

 

No dia em que Moisés consagrou o tabernáculo, os príncipes de Israel ofertaram ao SENHOR bois e carros de boi. Estas ofertas foram distribuídas entre os gersonitas e meraritas, para serem usadas nos serviços do tabernáculo.

“Mas aos filhos de Coate nada deu, porquanto a seu cargo estava o santuário, que deviam levar aos ombros. (Nm 7:9)

 

Quando estavam para partir do arraial no deserto, os coatitas deveriam esperar os filhos de Arão cobrirem todos os móveis do tabernáculo com um véu e passarem os varais de ouro nas argolas. Os coatitas não poderiam tocar diretamente nos móveis; somente nos varais para serem transportados aos seus ombros. Por serem santíssimos, aos coatitas, (mesmo enquanto cumpriam os deveres) não foi dada a permissão de ver, nem de tocar nos móveis, sob pena de morte:

  • “Havendo, pois, Arão e seus filhos, ao partir o arraial, acabado de cobrir o santuário e todos os móveis dele, então, os filhos de Coate virão para levá-lo; mas, nas coisas santas, não tocarão, para que não morram; são estas as coisas da tenda da congregação que os filhos de Coate devem levar.” (Nm 4:15);
  • “Porém os coatitas não entrarão, nem por um instante, para ver as coisas santas, para que não morram.” (Nm 4:20).

 

Boas intenções por meios errados

É importante notar que em alguns casos, não importa se agimos com boa intenção, ou não. Aquele que põe a mão num cabo energizado, leva choque, independente de ser cristão ou não, bom ou mau, estudado ou ignorante: se for irreverente não observando as leis de elétrica, toma choque, e pode ser fatal! E não adianta dizer que não sabia. 

 

Aparentemente, Uzá agiu com boa intenção em segurar a arca para evitar a sua queda. Mas conhecendo os detalhes que vimos, até agora, podemos entender que:

 

A arca do SENHOR jamais deveria ser transportada num carro de bois. Segundo a lei, deveria ser carregada aos ombros dos coatitas proporcionando assim, um transporte estável. A observância das palavras do SENHOR teria evitado a tragédia. Vinte anos antes, os filisteus haviam devolvida a arca num carro de bois, mas isto não significava que os israelitas poderiam seguir o mesmo critério.

 

É impossível que Uzá não soubesse a história da arca nas mãos dos filisteus, e como o SENHOR os puniu com tumores (cf. 1 Sm 5-6). Também é improvável que Uzá desconhecesse a história da arca em Quiriate-Jearim, onde o SENHOR matou *setenta homens que com atrevimento olharam para dentro da arca (cf. 1 Sm 6:19), quando a ordem era de que nem mesmos os coatitas poderiam ver a arca (exterior), quanto menos o seu interior;

 

*Em algumas traduções: 50070 homens. Mas isto pode ser um erro de antigos copistas, sem nenhum prejuízo para o evangelho.

 

Talvez, Uzá foi filho de Abinadabe, portanto, neto de Jessé (como disse anteriormente, falta fontes para podermos afirmar categoricamente). Então, eles seriam da tribo de Judá e não de Levi. Somente os descendentes de Levi da linhagem de Coate tinham permissão para cuidar da arca, porém, sem tocá-la. Não era para Uzá estar perto da arca, porque não cabia a ele, nem ao seu irmão Aiô este serviço. Nem ao menos deveria ter ficado vinte anos na casa de seu pai. 

 

Como a arca ficou durante vinte anos na casa de Uzá, parece que ele se familiarizou demais com a arca a ponto de tomar atitudes irreverentes.

 

Segundo dicionários, irreverência é:

Falta de reverência; ousadia; desrespeito; grosseria; desatenção; relaxo; desacato; falta de temor; afronta; rebeldia.

 

Quando o homem toma atitudes fora do que foi ensinado, mesmo que com boas intenções, estará no caminho do pecado. Sansão, Saul, Uzias, Simão – o mágico, Pedro… na Bíblia não nos faltam exemplos de homens que tiveram boas intenções, porém irrefletidamente; e por isso, também, irreverentemente agiram de forma antibíblica. Quando as pessoas ignoram estes princípios divinos, tendem a sentir uma revolta como o próprio Davi sentiu naquela ocasião mas isto é perigoso, porque é nitidamente manipulação e tentativa do inimigo para derrubar os cristãos.

“Desgostou-se Davi, porque o SENHOR irrompera contra Uzá; e chamou aquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje.” (2 Sm 6:8)

 

Outro detalhe que devemos prestar atenção é que em lugar nenhum está escrito que a arca estava caindo do carro. A Bíblia apenas diz que os bois tropeçaram:

  • “Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram.” (2 Sm 6:6);
  • “Quando chegaram à eira de Quidom, estendeu Uzá a mão à arca para segurar, porque os bois tropeçaram.” (1 Cr 13:9).

 

Esta cena, de alguma forma nos faz lembrar os discípulos que se inquietaram no barco em meio à tempestade por falta de fé (Mc 4:35 -41); ou Saul que apreensivo, não esperou a chegada de Samuel. Pensando com mais calma, podemos entender que o barco em que o Senhor viajava jamais poderia naufragar. E se porventura naufragasse, ninguém poderia morrer afogado. Afinal, isto não seria bom testemunho. Segundo as profecias, o Senhor veio para morrer na cruz pelos nossos pecados, e não por afogamento.  No caso de Saul, a ameaça dos filisteus estava muito perto, mas a obediência à Palavra certamente teria sido o seu maior escudo.  Quanto à arca da Aliança (este sagrado e precioso móvel) você acha realmente que ela iria cair e sofrer danos? O SENHOR permitiria isso acontecer?    

 

Rei Davi

Desde quando os filisteus devolveram a arca até a morte de Uzá, houve muitos acontecimentos em Israel, afinal, temos quase 30 capítulos de narrativas. Lembremos de alguns acontecimentos neste período: Saul se tornou rei; Davi derrotou Golias; Davi se casou; os filisteus derrotaram Israel; Saul morreu; Davi foi ungido rei.

 

Depois da conquista de Jerusalém (2 Sm 5:6), Davi propôs no seu coração a trazer a arca do SENHOR que estava na casa de Abinadabe para a nova capital, e é aí que acontece a tragédia. Como vimos até agora, isto foi uma sequência de erros em que o rei também estava envolvido:

 

Davi não consultou os profetas para transportar a arca de Deus, tampouco fez os coatitas carregarem nos ombros:

“Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus […] Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.” (2 Sm 6:2-3)

 

E, no dia que Uzá morreu, Davi disse: “Como virá a mim a arca do SENHOR?”. Estas palavras do rei parecem ser de fé, mas também de egoísmo e orgulho, já que a arca era símbolo de santidade, onde o povo de Israel congregava para santificar o SENHOR, porém Davi queria para si – “Como virá a mim”. Mas, depois, temendo, mudou de ideia e ordenou que fosse levado à casa de Obede-Edom, onde ficou por três meses (cf. 2 Sm 6:9-11). 

 

A Bíblia de Estudo de Almeida SBB 2006 traz no rodapé da página os seguintes comentários:

  1. “Como se trata de um objeto sagrado especialmente vinculado às tribos de Efraim e Benjamim, Davi percebeu que, por meio da arca, seria possível estabelecer um forte vínculo religioso entre a nova capital do reino e as tribos do Norte. Daí, a sua decisão de levá-la para Jerusalém”
  2. “Davi podia levar a arca de Deus para Jerusalém, com o propósito político de reforçar a unidade entre o Norte e o Sul. Mas também não devia esquecer que ela era o trono visível do Deus santo (cf. Is 6:3) e que a santidade de Deus não é algo que se pode manipular impunemente.”

 

Assim, podemos perceber que a ira do SENHOR e a morte de Uzá não aconteceram por acaso, mas foi produto de uma série de erros que aqueles homens cometeram.

 

Há ainda, uma outra explicação para a morte de Uzá:

Alguns teólogos explicam que Uzá conhecia sim a história da arca até chegar à sua casa: a maldição que caiu sobre os filisteus, e o caso da morte de 70 curiosos que ousadamente viram o interior da arca, bem como as leis de Moisés. Dizem que Uzá foi uma tipificação de Cristo que preferiu sacrificar a sua vida evitando a queda da arca, a deixá-la cair e o seu interior ficar à vista das pessoas causando mais mortes ainda. Alegam que a tradução correta do hebraico seria “A ira do SENHOR caiu sobre Uzá, e ali morreu com a arca de Deus”. Assim, dá a entender que Uzá morreu como um mártir a favor de muitos:

Hebraico (Aleppo Codex) Português (V. Internacional)
“sobre Uzá” “contra Uzá”
“morreu com a arca” “morreu ao lado da arca”

 

No entanto, há um problema nesta explicação, porque a Bíblia diz claramente que o SENHOR feriu Uzá por causa da sua irreverência. (cf. 2 Sm 6:7). Ora, o nosso Senhor não foi irreverente em nenhum momento, e sim obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2:8).

 

Conselho

É maravilhoso estarmos na presença do SENHOR; é bom nos habituarmos com o Evangelho, com a igreja, com os pastores, com os irmãos, no entanto tomemos cuidado para não nos tornarmos irreverentes. Todo mundo é passível de cometer pecados, isso é fato, porém existem pecados tão perigosos que se escondem por trás de virtudes, de boas intenções, de desapego e até da ingenuidade de quem se acha estar sendo muito usado por Deus.

 

Amados irmãos: Para evitar erros como registrados em 2 Sm 6, consulte sempre o seu pastor. Ele saberá dizer se a sua intenção é bíblica ou não; certa ou errada. 

 

Procure orar com o seu pastor e ouvir atentamente os conselhos bíblicos. Digo atentamente, porque alguns trazem suas ideias carnais já prontas, e não estão abertos para conselhos. Aliás, a Bíblia afirma categoricamente que “a fé vem por ouvir” (Rm 10:17), e não por discutir. Por isso, esteja também preparado para ouvir um caloroso NÃO! sem ficar frustrado. É para a glória do SENHOR, e para o seu próprio bem. 

 

Quando a pessoa tem boas intenções, mas é reprimida, geralmente fica revoltada, sentindo injustiçada e até pensando em ser vítima de perseguição na igreja, porém não é assim. 

 

Em suma, não há necessidade de fazer coisas mirabolantes para agradar ao SENHOR. Basta ser obediente e humilde perante Deus.